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terça-feira, 5 de março de 2013

Quem quer ser motorista?


caminhoneiro - jornada de trabalho
Várias iniciativas estão sendo desenvolvidas para tentar despertar o interesse dos jovens para a profissão de motorista de caminhão. A Federação Nacional do Transporte Rodoviário da Alemanha vai iniciar uma campanha nas mídias sociais para atrair a atenção dos jovens para a profissão. O concurso Young European Truck Driver (jovem motorista de caminhão europeu), lançado pela Scania, na Suécia, se espalhou pelo mundo. Na Europa, o vencedor ganha um caminhão zero quilômetro, como atrativo. Nos Estados Unidos, uma das soluções encontradas é a contratação de casais mais maduros, para viajarem de caminhão.

No entanto, o estudo sobre o futuro do carreteiro, encomendado pela Universidade de Heilbronn à agência de pesquisa ZF Friedrichshafen, em cooperação com a Editora ETM, aponta quais os motivos que tornam a profissão pouco atraente para os jovens. A imagem negativa do condutor de caminhão e a qualificação obrigatória são os principais motivos para os jovens não escolherem a profissão.
O retrato denegrido da ocupação e condições de trabalho, muitas vezes pouco atraentes, são os principais motivos para a falta de interesse dos jovens. Jornada de trabalho, desfavorável, com muitas horas extras, pressão para o cumprimento dos prazos, baixo rendimento e, especialmente, a incompatibilidade da profissão com a vida privada assusta os adolescentes que estão à procura de um emprego. “Se pudesse voltar atrás e não trabalhasse em uma empresa familiar não escolheria a profissão novamente. É um trabalho muito duro e pesado”, diz com franqueza, Tomas Schroth, 25 anos, autônomo.
O fator financeiro também desestimula os jovens a escolher a formação de condutor profissional já que o custo da habilitação profissionalizante deve ser pago do próprio bolso, caso ele não faça o aprendizado em uma empresa. As despesas iniciais variam entre seis e oito mil euros. As oportunidades disponíveis para profissionalizar os aprendizes como condutores profissionais não são suficientes. O mercado alemão consiste principalmente de pequenas e médias empresas de transporte, compostas em sua maioria por autônomos, restringindo, portanto, o número de empresas que oferecem vagas para aprendizes de condutor.
Das quase 9.000 empresas, que seriam capazes de treinar novos motoristas de caminhão, apenas um terço aceita o desafio. Segundo Karlheinz Schmitt, presidente da Federação Nacional do Transporte Rodoviário da Alemanha, a falta de infraestrutura é o maior obstáculo. “Não se pode dizer que o problema está na prontidão para o treinamento e sim na infraestrutura. Existem milhares de empresas que poderiam oferecer treinamento a qualquer momento, mas elas não o fazem porque não têm infraestrutura necessária, que vai desde a escola de formação profissional até o exame de aptidão”, explica.
Esta constatação é alarmante, já que a demanda de motoristas de caminhão será maior no futuro. Nos próximos 10 ou 15 anos, quase 250 mil dos cerca de 660 mil motoristas irão se aposentar. Embora cerca de 3.000 interessados iniciem o curso profissionalizante, e também entre 10 a 15.000 mil pessoas mudam de atividade e comecem a trabalhar como motoristas, a fim de atender às necessidades do setor, esse número ainda não será suficiente para cobrir a lacuna do mercado. “A procura pela profissão é menor do que a demanda e deixa todos os anos um déficit no mercado. Seriam necessários ao menos 25 mil novos profissionais, por ano. Logo iremos perceber que essa diferença não pode ser tapada com alternativas”, comenta o Dr. Dirk Lohre, especialista em logística.
O desafio não é só atrair jovens, e sim fazer com que eles terminem o aprendizado. Muitos deles pedem as contas logo no primeiro mês de treinamento por diferentes razões. A situação no trânsito, os controles rigorosos por parte dos órgãos públicos e os maus tratos dos profissionais por clientes desmotivam os iniciantes. “Sei o que é ser mal tratado. Não é nada animador”, desabafa Schroth. Embora a profissão esteja ameaçada, dois terços dos principiantes entrevistados acreditam que ser motorista de caminhão tem futuro. Mas, para isso é necessário haver algumas mudanças significativas da atual situação e das perspectivas para que se possa recrutar mais profissionais. Pela pesquisa, 89% dos jovens pensam que entre os fatores chaves para aumentar a atratividade à profissão estão numa melhor remuneração; 87% credita à falta de uma melhor condição de trabalho; 79% acha que falta uma jornada de trabalho regulamentada e, finalmente, 77% disseram que é necessário haver melhoria da imagem da atividade.
Uma boa parte das reclamações são viáveis, mas também precisam ser realizadas para que a profissão tenha futuro. Segundo presidente da Federação Nacional do Transporte Rodoviário da Alemanha, o maior problema é a renumeração. Em sua opinião, o fato de o motorista ter que dormir na cabine o leva a ter expectativa de que deve ter renumeração melhor do que aqueles que trabalham em um armazém, por exemplo. “O problema é a falta de um salário maior, embora dinheiro não tenha nada a ver sobre a satisfação com a profissão”, diz Karlheinz Schmitt. Ele acrescenta que a insatisfação por parte dos profissionais técnicos está em toda a parte, porque os trabalhadores não podem financiar o padrão de vida que eles gostariam ter. A média de salário mensal de um motorista de caminhão na Alemanha é de 2 mil euros (cerca de R$ 5.200,00).
Alteração demográfica trará mudanças para o setor logístico
O envelhecimento da sociedade também trará mudanças para o setor logístico. O desenvolvimento significativo da Internet alavancou o comércio eletrônico, que a cada dia ganha mais adeptos. Portanto, essa geração que está envelhecendo vai continuar com o cômodo hábito de comprar pela internet. Situação que contribui para o forte crescimento do trânsito do correio expresso.
Além disso, é de se esperar que cada vez mais pessoas retornem para os centros das cidades ou mesmo para os subúrbios. Essas pequenas migrações terão efeitos significativos no setor logístico. Por um lado, a rota de entrega nos grandes centros urbanos será otimizada com um novo conceito. Por exemplo, um caminho mais curto alcançará um número maior de clientes. Por outro lado, o planejamento de distribuição, em zonas menos povoadas, ficará ainda mais difícil de ser alcançado.
Neste contexto, o futuro do setor está ameaçado. A profissão deve ser mais atraente e os cursos de formação devem ser otimizados. Iniciantes desejam que as inovações técnicas sejam aplicadas de forma consistente. Isso inclui, por exemplo, melhores possibilidades de comunicação e mais conforto na cabine. “Além disso, precisamos encontrar maneiras de otimizar os processos de transporte, evitando a rodagem vazia das carretas”, disse Lohre.
Fonte: Revista O Carreteiro
Publicado em 04/03/2013 por Rafael Brusque Toporowicz no site http://blogdocaminhoneiro.com/quem-quer-ser-motorista/

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